Fetichismo
Gilian Cristina Barros
Máscara, véu, acessório, algo que complementa, substitui, artifício que propicia a atração para o sexo, culto, aceitação, conformidade, dentre outras estes são alguns dos atributos implícitos ao significado da palavra fetiche.
Marx apresenta o fetiche da mercadoria como elementos indispensáveis na preservação do modo de produção capitalista, nele estão ocultas as desigualdades sociais o que torna aparentemente natural o ambiente social.
Freud apresenta o fetiche como substituição da verificação da ausência do pênis materno, por exemplo, meninos quando crianças em pequena estatura têm acesso pelo olhar aos pés, sapatos e lingeries tornam estes elementos acessórios e substitutos, vindo a anteceder posteriormente em vida adulta o prazer e desviar do interesse sexual para objetos e algumas partes do corpo.
RIVERA (1997) apresenta citando Freud, o fetichismo como “... compromisso (...) entre reconhecimento e recusa de re-conhecimento”, por isso, o afirmo como véu que possibilita o desaperceber de coisas que nossos olhos muitas vezes enxergam.
A crença e fé excessivas nos fetiches – fetichismo – tornam os objetos como humanos, conforme afirma ZUIN (2006), “... é interessante destacar o processo de "humanização" dos fetiches, cujas marcas que os simbolizam passam a ser comercializadas como se fossem portadoras de personalidade própria.”.
Em Educação a humanização de objetos como livros podem reduzi-los a símbolos de status, como um fetiche arraigado culturalmente. Essa magia dos que levam o livro sob o braço e dos que apenas observam, muitas vezes dando importância e respeito aos que assim agem, “por não pertencerem ao conjunto dos que retroalimentam o elitismo semicultural, dos que fazem que lêem – ou se contentam com a leitura de orelha – para se fecharem nesse grupo.” CLARO! (2005).
O crer que quanto mais recursos, imagens e incentivos uma aula apresentar, mais a aprendizagem ocorrerá, gera uma forma de fetiche em educação, assim como, onde o professor que utiliza recursos tecnológicos, como por exemplo, o laboratório de informática, pode ser visto como além de seu tempo, mesmo que esteja utilizando uma simples pesquisa no “Google”. Simples, se não considerar o processo, a forma como as pesquisas são realizadas e posteriormente referenciadas sem a análise do funcionamento dos meios que podem levar ou não a aprendizagem, não percebendo que “a máquina é um instrumento que perpetua um mundo em que os donos dos meios de produção exploram os deserdados.” ALVES apud DAGNINO e NOVAES (2004).
Autores, pensadores, palestrantes de plantão, ditos educadores e até mesmo pesquisadores, são muitas vezes cultuados como entidades – fetichismo – que possuem certo poder ou magia sobre os processos de ensinar e aprender na escola, não sendo se quer questionados em suas teorias e se estas vão de encontro às “reais necessidades” do aluno, professor e da escola.
A disciplina de Matemática ao ser considerada como uma das mais importantes, difíceis e possibilitadora de reprovação é um fetiche arraigado nas ações escolares – conselho de classe. Além disso, também é envolvida por fetiches trazidos desde a formação dos professores de matemática até a sua atuação em sala de aula, como no que se refere à necessidade de tornar concreto e real, a todo custo, por meio de inúmeros recursos a compreensão de conteúdos matemáticos, e a que envolve o ser “professor de matemática”, ser absoluto, iluminado parente dos deuses e muitas vezes o próprio deus.
O fetiche que ronda não apenas os espaços escolares, mas o da sociedade em que a escola esta implícita é o de que a educação leva ao desenvolvimento da nação, advindo do fetichismo da mercadoria onde ao rasgar-se este véu ter-se-ia claro que, “não é a educação que gera emprego, mas emprego que gera educação.” ASSIS, (2006).
Máscara? Véu? Acessório? Quais os artifícios que uso/faço para alcançar muitas vezes o que desejo? Seriam isso fetiches?
=pt&nrm=iso>. Acesso em: 12 Ago. 2006.
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