Os sentidos
Gílian Cristina Barros
Como é o mundo que percebemos?
“O olho enxerga o que deseja e o que não Ouvido ouve o que deseja e o que não [...]”
Arnaldo Antunes - Tato
Conscientes ou não estamos percebendo o mundo. Cada som, luz, calor, textura, cada estímulo nos leva a perceber o mundo.
Na composição Tato de Arnaldo Antunes, quando este afirma que O olho enxerga o que deseja e o que não e que ouvido ouve o que deseja e o que não tem-se claro que estando ou não atentos ao que nos cerca estamos pecebendo o mundo.
Nossos sentidos são os responsáveis por levar à mente as necessidades detectadas, necessidades estas que deverão ser resolvidas para que o corpo se sinta mais confortável, fato este facilmente percebido quando estamos com frio ou calor excessivos, o corpo, a pele - o tato - cria mecanismos que fazem com que sintamos necessidade de consumirmos algo frio no verão ou algo quente no inverno na busca de equilíbrio térmico.
Assim também, ocorre nos momentos de aprender, se estamos na busca de solução de um problema real, de uma dúvida ou necessidade latente, nossos sentidos se voltarão a tudo que oportunizar a solução destas questões.
Quanto ao ouvir e ver existe de certa forma um "stress" provocado pelo uso excessivo de estímulos auditivos e visuais que os alunos têm acesso hoje por meio da televisão e jogos de computador e/ou vídeo-game, logo, muitas vezes a escola não dá conta de conseguir estimular tanto quanto estes recursos ou até de saber como controlar (numa espécie de volta a calma) estes muitos estímulos.
Penso que, assim como som em alta intensidade pode ferir os ouvidos, e luz em excesso pode ferir os olhos, estímulos em excesso, poderão ferir a aprendizagem.
Tanto a afirmação de Arnaldo Antunes quanto, o fato que recordo citado a algum tempo atrás na revista nova escola, de Hellen Keller, cega, surda, que conseguiu viver, ler e ver o mundo através de outros sentidos, podem conduzir a conclusão de que o mundo é percebido pelo sentido e além dos sentidos.
Os órgãos dos sentidos auxiliam no relacionamento do ser humano com o meio em que vive, são eles que recebem os estímulos externos e os enviam até o cérebro, onde as informações são processadas, gerando assim um comportamento, frente ao estímulo recebido, dessa forma, contribuindo para uma aprendizagem ou não, sobre algo, que acabou de acontecer. Penso que, o conhecimento depende direta ou indiretamente dos órgãos sensoriais, como canais para percepção de estímulos.
Exemplos de “coisas” do conteúdo matemático que fazem referências aos sentidos.
No trabalho com conteúdos matemáticos o tato é considerado na utilização de materiais manipuláveis, não sei se o exemplo que apresentarei para olfato é válido, mas lembro-me do cheiro da madeira do material dourado que utilizamos (quando fazia magistério) para o estudo de números decimais.
A visão e audição são os sentidos mais utilizados e contemplados no ensino de conteúdos matemáticos, na representação, como no exemplo apresentado pelo professor, ou na tentativa de “facilitar a aprendizagem” de certos conteúdos, como no caso de um professor que referenciava as abcissas como abxixas, tentando direcionar ao eixo “x”.
A sociedade (incluindo a escola) prima por estímulos e conteúdos que atinjam os olhos e ouvidos, como se estes fossem fundamentais para a aprendizagem. Não que não sejam importantes, mas se pensarmos em uma sociedade em que o olfato, por exemplo, fosse mais valorizado, como seria nosso mundo? Quem sabe os programas de televisão, os livros e as roupas tivessem cheiros específicos?
Limitações do tato (quais são os níveis percebidos pelo ser humano e estabelecendo uma comparação com os níveis que três animais específicos percebem (o cachorro, o gato e um outro à escolha de cada um).
Referências:
Antunes, Arnaldo. Tato. Disponível em:http://arnaldo-antunes.letras.terra.com.br/letras/91763/. Acesso em: 16 de out. de 2006.
Keller, Helen. Três dias para ver. Disponível em: http://www.cerebromente.org.br/n16/curiosidades/helen.htm. Acesso em 16 de out.de 2006.
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