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segunda-feira, novembro 06, 2006

Aula 12: Infierno Grande (Analogias e Metáforas)

Infierno Grande visto por lupa e holofote especiais

Corpo, emoções, atitudes, pensamentos tudo em profunda análise e descrição. As línguas expostas, os postes que passam um a um durante a viagem mesmo não valendo a penas serem vistos, os passos de dança e rumo a dança, os trechos da canção, o comportamento da aluna, a timidez que some durante a aula, a pele das velhas no salão, as pernas da dançarina de tango, cada ato é visualizado de forma especial como único.

A descrição dos detalhes é o que fica evidente em cada conto de Guillermo Martínez em Infierno Grande, cada cena pode ser visualizada completamente por meio da leitura, cada movimento das personagens é apresentado em grau maior como se estivéssemos, enquanto leitores, visualizando cada ação com lupa e holofote especiais.

Casos e enigmas não desvendados são apresentados pelo autor como situações que podem ser analisadas, resolvidas e determinadas pelo leitor, dando a este a o poder de decisão.

Os conceitos matemáticos são apresentados por meio de situações do cotidiano, onde as personagens fazem uso da matemática, ora pela falta de dinheiro, ora pela “dificuldade e/ou facilidade” de trato e aprendizagem apresentada na disciplina por alunos e professor. A matemática é apresentada pelo autor nas ações dos personagens naturalmente.

Em muitos momentos dos textos apresentados, por Guillermo Martinez em Infierno Grande, evidencia-se a necessidade de parada para explicação de determinadas cenas, característica esta comum nas ações de docência. A luz especial dada a determinados eventos apresentados nos contos determina a função explicativa que ocorre constantemente pela da descrição detalhada das cenas e cenários, como em:

“... la lengua de Teresa quedo allí, colgando, y era uma lengua lasciva, uma lengua de beso desaforado, que se contorsionaba com desparpajo, pero eso sólo fue el principio,...” p.30.

“El profesor Pipkin camina por la calle Del hotel, que está desierta. Hace calor, pero no se decide q quitarse el saco: teme que em su camisa haya manchas de transpiración. Ve unos pocos negócios, todos con lãs persianas bajas.Camina dos cuadras más, ...” p.112

Cada detalhe de cena pinçado e observado a luz e lupa especiais, por Guillermo Martinez, dão ao leitor possibilidades diversas de análise de situações cotidianas e muitas vezes consideradas simples, como por exemplo, as vivenciadas em sala de aula, com olhos mais apurados e precisos.

As cenas apresentadas em detalhes em cada um dos contos, oportunizam ao leitor, seja ele, professor escolar e/ou pesquisador de compreender que dados colhidos e posteriormente analisados deverão ser lidos com critérios próprios de cada coleta, mas nunca deverão desconsiderar o mundo ao redor. Os fatos podem e devem ser pinçados a partir da necessidade e foco de análise e pesquisa do autor, como Guillermo o faz, mas sendo retirados e analisados considerando-se as influências do todo no pequeno fato em análise.

Infierno Grande apresenta a visão de um educador que em certos momentos propõe a reflexão sobre a ação do educador matemático que atua e/ou atuará em sala de aula, em outros momentos oportuniza a leitura de ações cotidianas como únicas e que devem ser consideradas pelos olhos de um pesquisador em educação matemática que pode ter nestas ações oportunidades de pesquisa e análise do uso de matemática.

Martínez mostra-se, por seus contos que muitas vezes parecem entrelaçados, um educador matemático com olhos críticos e apurados que vê o mundo e a educação matemática por lupa e holofote especiais que podem oportunizar autonomia na tomada de decisões de casos e enigmas ainda não desvendados pela humanidade.

Referências

Martínez, Guillermo. Infierno Grande. Buenos Aires: Ediciones Destino, S.A. Grupo Planeta, 2000.

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